O ser humano foi criado para se conectar. Pertencer é uma necessidade de primeira grandeza. O vínculo é o que nos une, é o laço que nos conecta. Interessante pensarmos que vínculos familiares vão muito além das questões co-sanguíneas. Quantas vezes nos referimos a amigos que são mais chegados que irmãos? Quantas vezes olhamos para pessoas com as quais temos laços co-sanguíneos, mas não nos sentimos tão conectados? Assim, percebemos que a adoção se baseia no vínculo, em uma relação construída.
Todo relacionamento significativo começa com um vínculo bem estruturado e para isso é necessário investimento de tempo, afeto, carinho, amizade, relacionamento. Até quando nasce um filho co-sanguíneo, o vínculo vai se estreitando à medida em que as relações vão se desenvolvendo; os papais que o digam! Logo que o bebê nasce, mesmo o papai que gerou aquela criança, precisa de tempo para que estes laços entre ele e o bebê sejam estreitados.
As crianças e adolescentes que chegam para a adoção, na maioria absoluta das vezes, sofreram situações graves de abandono, violência, negligência, gestações indesejadas ou houve uso abusivo de drogas ou álcool por parte da gestante. Tudo isso deixa marcas no desenvolvimento desta criança/adolescente. Estas marcas também afetam a capacidade de se vincular. De uma forma geral, é comum não terem desfrutado de uma relação de apego seguro com quem deveria ser a figura de cuidado, pois quem deveria proteger se tornou a figura de hostilidade. Isso traz uma insegurança e até uma resistência à formação de novos vínculos mais profundos.
A boa notícia é que feridas causadas por meio de relacionamentos só são tratadas por meio de novos relacionamentos. O ser humano é capaz de ressignificar e aprender novos padrões relacionais. A adoção oferece esta oportunidade não apenas aos filhos, mas também aos pais, avós, tios, primos, amigos… enfim, a este novo ciclo relacional que se forma. São histórias sendo reescritas, novos rumos que são construídos.